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RECOMEÇAR


"Em primeiro lugar, para me fazer entender, é bom contar o que me aconteceu há muito, muito tempo na minha cega bondade. Bondade, uma bondade cheia de sentimentos contraditórios. Pois bem, vamos lá! Era uma linda primavera, as flores estavam viçosas e muito bonitas e eu, que era solicitada pelos meus auxiliados, ou meus carentes. E, era assim que eu os via, meus carentes. Eu descia até os arrabaldes angustiantes das misérias e das necessidades, e ao ser reconhecida por estes, em minha vida normal, sentia-me orgulhosa e cheia de mim mesma e, do meu próprio ego, ouvia: - Ela é uma Santa! - Uma Santa que caiu do céu para nos ajudar! Escutando isso é que cada vez mais eu ajudava. Às vezes, eu não dava conta e acabava prometendo mais do que eu podia alcançar. E numa dessas tardes de primavera florida, eu nunca pensei ser capaz de fazer o que eu fiz, hoje o sei. Nesta tarde, foi o descobrimento de mim mesma. Eu era acostumada aos elogios e que eu fingia não gostar. Um senhor chegou na frente das minhas amigas, tomávamos um chá tranquilamente e uma das minhas amigas me enchia de elogios pela minha conduta exemplar, quando este senhor adentra, tirando o chapéu da cabeça e diz: Dona, desculpe eu vir até aqui. É que a dona disse que ia ajudar minha mulher que está na casa de saúde e eu vim dizer que não carece mais, pois ela não aguentou esperar. E eles não tinham o remédio, que a senhora ficou de arrumar o dinheiro para comprar e aí, faz três dias que ela morreu. Ao escutar isso, logo fiquei corada, depois levantei, dizendo-lhe uma mentira:

- Como pode? Deve estar havendo algum engano!

- Não dona, foi a senhora mesmo. Eu lembro da charrete vermelha com a flor rosa.

- Não. Não é isso, É que mandei, eu mandei entregar, não o fizeram? - Não dona, não fique "avexada", agora não precisa mais. - Olha aqui, o senhor deixe-me falar. Algum engano aconteceu. Eu não ía deixar isso acontecer. - Dona, eu já me vou. "Inté"! - Volte aqui seu maldito, veja o que você fazendo. Deve estar bêbado! - Não dona. Eu não bebo, nem fumo e nem jogo. Mas, os lá do beco que a senhora ajudou, eles bebem jogam e ainda roubam. E vou lhe dizer mais, já que senhora pediu, e ainda riem da senhora! - Seu louco, isso é mentira, mentira! Eu ajudo a quem precisa. Polícia, polícia, prendam este homem, este homem está desacatando uma dama de familia. E aí, vocês devem imaginar o resto. O pobre homem foi preso e morreu um mês depois de desgosto pela sua mulher e por ser preso injustamente, pelo meu orgulho e minhas calúnias. Pergunto-vos: A que preço? A que preço nós vamos continuar nos enganando? Hoje, como disse no início desta mensagem, não é mais contraditório, tive que recomeçar para entender o que realmente somos e se nos conhecemos. Hoje, vejo que naquela tarde, eu fui eu mesma. Para se conhecer, basta alguém nos contrariar. Vamos sempre nos perdoar mais, sermos mais Severos com nós mesmos, aí então recomeçar!" Marina da Glória. (Psicografia recebida por José Fernando Araujo em 21/05/2006 na reunião mediúnica da CEIL, em Blumenau-SC)

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